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Viabilidade econômico-financeira na construção de silos: uma necessidade 

Viabilidade econômico-financeira na construção de silos: uma necessidadeIntrodução 

O Brasil tem se destacado nos últimos anos como uma potência na produção de grãos, especialmente soja e milho. Contudo, esse cenário positivo traz consigo desafios significativos, e um dos mais prementes é a capacidade limitada da estrutura de armazenamento para lidar com essa crescente produção.  

Nesse contexto, surge a necessidade imperativa de construir novos silos, seja nas fazendas, áreas urbanas e portos.  

Entretanto, o investimento em novos armazéns não é trivial, seja pelo montante envolvido (milhões de reais), seja pela execução da obra, ou pelo start de uma nova unidade de armazenamento.  

O intuito deste artigo é explorar melhor UM dos principais requisitos antes de se iniciar a execução de um projeto dessa envergadura.  

Trata-se da Análise de Viabilidade Econômico-financeira, peça chave para a correta tomada de decisão.  

O Que É Análise de Viabilidade Econômico-financeira?  

A análise de viabilidade econômico-financeira é um instrumento estratégico e indispensável para a tomada de decisões relacionadas a investimentos, principalmente, proporcionando uma avaliação criteriosa da sustentabilidade e rentabilidade de um determinado projeto ou empreendimento.  

Trata-se de um processo que envolve a avaliação de diversos aspectos econômicos e financeiros, visando identificar se um investimento é viável e, caso positivo, em que medida ele é capaz de atender aos objetivos esperados. 

Essa análise vai muito além de simplesmente calcular custos e receitas; ela busca compreender os impactos do investimento ao longo do tempo, considerando variáveis como o valor do dinheiro no tempo, riscos associados e o ambiente econômico em que o projeto será inserido.  

A análise de viabilidade econômico-financeira é uma ferramenta essencial para gestores, empreendedores e investidores, fornecendo informações cruciais para embasar decisões estratégicas. 

Componentes Essenciais da Análise de Viabilidade Econômico-financeira: 

1. Custo de Investimento: Este é o ponto de partida da análise. Envolve a quantificação precisa de todos os custos associados ao projeto, desde a aquisição de terras até os custos de construção e implementação. 

2. Custos Operacionais: Além dos custos iniciais, é necessário considerar os custos recorrentes para a operação do empreendimento. Isso inclui despesas como manutenção, salários, energia, e qualquer outro custo relacionado às operações regulares. 

3. Projeção de Receitas: A análise não pode prescindir da projeção de receitas futuras, especialmente no contexto agrícola, onde a produção e os preços dos grãos estão sujeitos a flutuações, principalmente se a base de receitas do Armazém for em grãos (% sobre o grão depositado). Essa projeção deve ser realista e baseada em dados de mercado sólidos e pesquisas levando em consideração o mercado local. 

4. Fluxo de Caixa: A análise de viabilidade requer a projeção dos fluxos de caixa ao longo do tempo. Isso permite visualizar como os custos e receitas se distribuem ao longo da vida útil do projeto, identificando períodos de maior ou menor necessidade de capital. 

5. Cálculo de Indicadores Financeiros: O retorno sobre o investimento (ROI), o período de payback e a taxa interna de retorno (TIR) são indicadores fundamentais para avaliar a performance financeira do projeto. O ROI, por exemplo, expressa a eficiência do investimento em termos percentuais, enquanto o payback indica o tempo necessário para recuperar o capital investido. 

6. Análise de Riscos: Identificar e avaliar os riscos associados ao projeto é crucial. Isso inclui fatores externos, como mudanças na legislação, condições climáticas adversas, e flutuações de mercado. A análise de riscos permite uma abordagem mais robusta e realista da viabilidade do empreendimento. É importante projetar cenários exemplo: mais provável, pessimista e otimista. 

7. Valor do Dinheiro no Tempo: A análise deve considerar o valor do dinheiro no tempo, aplicando técnicas como o fluxo de caixa descontado (FCD). Isso significa que valores futuros são trazidos para o presente, levando em conta a taxa de desconto, permitindo uma avaliação mais precisa do valor presente líquido (VPL) do projeto. 

Importância da Análise de Viabilidade para um Novo Silo:  

1. Tomada de Decisão Embasada: A análise fornece informações robustas para uma tomada de decisão fundamentada, sem achismo. Isso ajuda os gestores a entenderem os riscos e retornos associados ao investimento, contribuindo para melhores decisões. 

2. Evita Investimentos Impulsivos:  A tentação de investir sem uma análise de viabilidade pode ser grande, especialmente em setores como o agronegócio, onde a demanda por estruturas de armazenamento é alta. No entanto, uma análise adequada atua como uma barreira contra decisões impulsivas, garantindo que o investimento seja cuidadosamente ponderado. 

3. Gestão Eficiente de Recursos: Ao compreender a estrutura de custos e os potenciais retornos, os gestores podem alocar recursos de maneira eficiente, otimizando o desempenho financeiro do empreendimento. Afinal uma das máximas em economia sempre serve de alerta “Recursos escassos para fins ilimitados” 

4. Adaptação a Mudanças: A análise de viabilidade proporciona uma visão dinâmica do projeto, permitindo aos gestores antecipar e adaptar-se a mudanças nas condições de mercado, regulamentações ou outros fatores que possam impactar a viabilidade do negócio. 

Em resumo, a análise de viabilidade econômico-financeira é uma ferramenta valiosa para o sucesso de qualquer empreendimento, especialmente quando se trata da construção de silos no contexto do agronegócio brasileiro.  

Ela não apenas quantifica os aspectos financeiros do investimento, mas também fornece uma visão abrangente que considera a dinâmica do mercado, riscos potenciais e a sustentabilidade a longo prazo do projeto. 

A análise de viabilidade econômico-financeira é um processo crucial antes de empreender em qualquer novo projeto, especialmente no setor agrícola. Essa avaliação visa determinar se o investimento em um novo silo é justificável do ponto de vista econômico, considerando tanto os custos quanto os benefícios associados. 

Riscos ao construir um Silo na fazenda sem um estudo de viabilidade. 

A construção de um novo silo na fazenda, sem uma análise de viabilidade econômico-financeira adequada, expõe os investidores a uma série de riscos substanciais que podem ter repercussões significativas não apenas para o projeto em questão, mas também para a estabilidade econômica da fazenda. 

1. Custos Imprevistos: 

A ausência de uma análise de viabilidade pode resultar na subestimação dos custos associados ao projeto. Custos imprevistos, como variações nos preços de materiais de construção, custos adicionais de mão de obra ou despesas não consideradas inicialmente, podem surgir e impactar negativamente a saúde financeira do investimento. Isso cria uma situação na qual o orçamento inicialmente planejado pode se mostrar inadequado, levando a possíveis atrasos na conclusão do projeto e aumentando a pressão financeira sobre a fazenda. 
Abordamos anteriormente os aspectos de se utilizar cenários, que podem dar uma noção do comportamento do projeto em casos mais extremos.  

2. Baixa Demanda e Ociosidade: 

A falta de análise de mercado pode resultar na construção de um silo cuja capacidade excede a demanda real por serviços de armazenamento. Isso pode levar a períodos de ociosidade, nos quais o silo não está sendo utilizado de forma eficiente. A baixa demanda compromete a capacidade do investimento em gerar receitas, resultando em uma rentabilidade inferior à esperada e, potencialmente, em dificuldades financeiras a longo prazo. 

3. Excesso de Demanda e seus Próprios Desafios 

Por outro lado, a falta de uma análise de viabilidade econômico-financeira também pode resultar em desafios quando há um cenário oposto, caracterizado pelo excesso de demanda. Em situações em que a produção agrícola futura supera as capacidades de armazenamento projetadas, também é um problema, avaliar a demanda atual e futura por armazenamento é crucial para o projeto. 

4. Flutuações no Mercado 

O mercado agrícola é suscetível a flutuações, influenciadas por fatores como condições climáticas, políticas governamentais e oscilações nos preços das commodities. Sem uma análise de viabilidade que leve em consideração essas variáveis, os investidores correm o risco de enfrentar impactos negativos significativos. Uma análise aprofundada permitiria antecipar possíveis cenários adversos e implementar estratégias para mitigar os efeitos de tais flutuações. Exemplo: Se o preço da Soja sofrer uma queda de 30% no próximo ciclo, como isso impacta o projeto? 

5. Dificuldades Financeiras e Impacto na Estabilidade da Fazenda 

A falta de uma análise adequada pode levar a dificuldades financeiras substanciais. Se o projeto do silo não alcançar a rentabilidade esperada, os investidores podem se encontrar em situações de endividamento, dificultando o cumprimento de obrigações financeiras. Isso não apenas compromete o investimento específico, mas também coloca em risco a estabilidade econômica geral da fazenda, afetando outros aspectos das operações agrícolas. 

Resumindo, construir um novo silo na fazenda sem uma análise de viabilidade econômico-financeira adequada é uma abordagem arriscada que pode resultar em consequências graves.  

Os riscos associados, como custos imprevistos, baixa ou alta demanda, flutuações de mercado e dificuldades financeiras, podem comprometer não apenas o sucesso do projeto, mas também a estabilidade econômica da fazenda como um todo.  

Portanto, investir tempo e recursos em uma avaliação abrangente antes da construção é crucial para mitigar esses riscos, garantindo que o empreendimento seja não apenas viável, mas também sustentável a longo prazo. 

Conclusão 

Neste artigo procuramos abordar que construção de silos no cenário do agronegócio brasileiro é uma resposta essencial à crescente produção de grãos, principalmente soja e milho em grãos. 

Entretanto, a pressão para realizar esse avanço traz consigo uma série de desafios, nesse contexto, a análise de viabilidade econômico-financeira surge como uma ferramenta indispensável para assegurar o sucesso desses empreendimentos. 

Essa análise, ao considerar minuciosamente aspectos como custos de investimento, custos operacionais, projeções de receitas e fluxos de caixa, não apenas proporciona uma compreensão abrangente dos desafios financeiros, mas também permite antecipar cenários adversos.  

O cálculo de indicadores financeiros, como ROI e payback, oferece uma visão concreta da eficiência do investimento, enquanto a análise de riscos prepara os gestores para enfrentar volatilidades de mercado, flutuações climáticas e possíveis alterações na legislação. 

É evidente que a ausência de uma análise de viabilidade pode resultar em sérios riscos. A subestimação de custos, a falta de demanda ou até mesmo o excesso de demanda não atendida podem comprometer a viabilidade econômica do projeto e, por consequência, a estabilidade financeira da fazenda. A incerteza presente nos mercados agrícolas destaca a necessidade de uma abordagem pragmática e embasada em dados, e é exatamente isso que a análise de viabilidade proporciona. 

Ao evitar investimentos impulsivos, promover uma gestão eficiente de recursos e adaptar-se a mudanças dinâmicas no mercado, a análise de viabilidade econômico-financeira emerge como o alicerce do sucesso para a construção de silos. Mais do que uma simples ferramenta, ela se torna um guia essencial para empreendedores, gestores e investidores no complexo cenário do agronegócio brasileiro. 

Portanto, diante da necessidade urgente de expandir as estruturas de armazenamento para acompanhar a produção crescente, a análise de viabilidade econômico-financeira não é apenas um requisito, mas um pré-requisito essencial para garantir que os investimentos se traduzam não apenas em mais infraestrutura, mas em negócios sólidos e sustentáveis no longo prazo.  

João Ferreira

Diretor Comercial SIACON | Transformando via Software a Operação de Armazéns e Terminais de Grãos

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