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Além da condensação! Compreendendo algumas técnicas para a Manutenção do seu Armazém de Grãos

By 4 de maio de 2023maio 15th, 2023Destaques, Gestão de Armazéns

Já está comprovado que o sistema de exaustão e iluminação natural elimina a condensação através do processo de exaustão na cobertura do ambiente armazenador. Vamos esclarecer como acontece o fenômeno da condensação e o mais importante, esta situação é criada pela própria natureza dos grãos e não por um mau armazenamento. A radiação solar provoca o aquecimento do telhado do silo ou do armazém e, pela condução térmica, aquece o ar interno. Esse ar com temperatura quente absorve a umidade liberada pelos grãos armazenados pelo efeito da evaporação. Quando este ar quente e agora com umidade entra em contato com o telhado frio – pela variação climática – noite ou períodos frios – baixa a temperatura e eleva a umidade relativa (U.R.) podendo ultrapassar o ponto de orvalho, condensar e gotejar sobre a massa de grãos armazenados. Resumindo: O grão é um ser vivo e um dos fatores que acelera a respiração é a temperatura do ambiente, quanto mais quente, maior será a atividade respiratória liberando água para o ambiente. Entre o telhado e a massa de grãos durante o dia, existe esta situação descrita acima, temperaturas elevadas frequentes. Através das parcerias acadêmicas e de usuários que já investiram, está comprovado que o Sistema de exaustão e iluminação natural instalado na cobertura do ambiente armazenador renova o ar interno equilibrando as temperaturas interna e externa (equilíbrio térmico), retirando o calor e a umidade provenientes da respiração natural dos grãos, eliminando o fenômeno físico da condensação sobre a massa, evitando a formação das crostas.

 

Porque além da condensação? Estudos acadêmicos e comprovações de campo demonstraram que existem muito mais benefícios que somente a solução para condensação. Vamos nos aprofundar nestes, onde alguns são perceptivos e outros não, mas existem!

– RESFRIAMENTO NATURAL DA MASSA ARMAZENADA:

Os grãos ao respirar, liberam gás carbônico, água e calor (CO2+H2O+ Calor), estes dois últimos na forma de vapor. Pela convecção natural, este vapor quente sobe através dos espaços intergranulares da massa até o topo da mesma, sendo removido pelo exaustor e gerando um fluxo vertical de ar contínuo, promovendo uma troca de ar quente por um ar com temperatura inferior (frio). Desta forma, reduzirá tempo de aplicação da aeração forçada (ventiladores), proporcionando menos horas de aeração, consequentemente economia de energia elétrica e também manutenção do peso inicial dos grãos, pois toda a vez que ligamos a aeração estamos secando. Esta situação foi comprovada pelo trabalho realizado pelo IF Goiano – Campus Rio Verde/GO e publicado na Revista Global Science and Technology  – (ISSN 1984 – 3801) Edição: maio/agosto 2013.

– MANUTENÇÃO DO PESO DA MASSA DE GRÃOS:

A aeração forçada tem necessidade de ser realizada devido atividades operacionais e também para manter a segurança da massa de grãos. Mas esta atividade também traz situações diferenciadas ao armazenador. Quando realizada poderemos estar simultaneamente secando a massa de grãos.  O ar insuflado quando passa pelo ventilador (rotor) sofre um aquecimento médio de 3ºC o que altera todas as suas características iniciais (temperatura e umidade relativa).

Exemplificando – Produto armazenado: Soja.

– Realizando aeração!

Condições climáticas externas antes do ventilador: Temperatura: 22ºC – U.R. (Umidade Relativa): 72 % – Equilíbrio Higroscópico = 14,13%. Após a passagem do ar pelo ventilador com aquecimento de 2ºC, teremos as seguintes características: Temperatura de 24ºC e consequentemente uma U.R. de 63,60% levando para um novo ponto de Equilíbrio = 11,46 %.

Diferença de peso = 2,87%

Num silo de 100.000 Sacos esta diferença de umidade gera uma perda de peso equivalente a 4.800 Sacos em peso.

Como descrevemos no item anterior, um sistema de exaustão e iluminação natural realiza de forma contínua o resfriamento não tendo a necessidade de acionar o ventilador. Menos horas de ventilação contribuirá para manutenção do peso inicial armazenado.

 

– CARREGAMENTO COM UMIDADE DESUNIFORME:

Poderemos observar na imagem, efeito de uma operação de carregamento do silo após passagem pelo secador de grãos, onde foi colocado uma carga com umidade acima do padrão especificado. Esta camada mais úmida teve um processo metabólico de respiração e liberação de água e calor maior que os demais grãos, gerando condensação interna na chapa lateral do silo. Quando o ambiente armazenador possui o sistema de exaustão e iluminação natural, esta situação será minimizada, equalizando as temperaturas com remoção da umidade e calor pela convecção natural do ar quente (vapor).

 

– FERRUGEM NAS CHAPAS LATERAIS E NAS ESTRUTURAS DE ARMAZENS:

O efeito da condensação (água) junto as partes metálicas do ambiente armazenador provoca oxidação (ferrugem), reduzindo a vida útil e sendo necessário realizar manutenção, reformas e reposição de peças com custos elevados. Evitando a condensação, estará preservando as estruturas metálicas.

 

– GANHOS DA ILUMINAÇÃO NATURAL NO AMBIENTE

Combate as pragas voadoras.

No ambiente de armazenagem este efeito luminoso interfere na atividade metabólica de insetos e fungos de superfície, inibindo o acasalamento e oviposição diurna de traças voadoras (ephestia, plodia, sitotroga). Estas traças atacam a superfícies da massa de grãos, formando aglomerados sob uma espécie de teias, que dificultam a aeração forçada proporcionando o ambiente ideal para proliferação de fungos contaminantes e refúgio para outros insetos.

 

Redução dos riscos de acidentes – Segurança do trabalho:

Os acidentes são evitados com aplicação de medidas especificas de segurança, selecionadas de forma a estabelecer maior eficácia na prática: Eliminação, neutralização e sinalização do risco. Um ambiente iluminado possibilita uma maior visualização por parte do operador, visualizando equipamentos em funcionamento e em movimentação. Exemplificando, nos silos temos a situação da rosca varredora, que em alguns casos para ter um funcionamento adequado, precisamos entrar no silo.

 

Melhor eficiência da operação e manutenção:

Para atividades de operação da rosca varredora no interior dos silos e acessórios das correias transportadoras, como carro de descarga e carga da mesma, a iluminação contribui para executar uma tarefa com qualidade e competência com nenhum ou mínimos erros. Bem como para os casos de manutenção e lubrificação de acionamentos, troca de roletes, emenda de correia, limpeza de canaletas de aeração, pisos e chapas laterais. Com um sistema de exaustão e iluminação natural, a iluminação proporciona um trabalho mais eficiente e ágil. Poderemos incluir também como benefícios, a movimentação segura de pessoas e facilidade visual para o operador de máquina (pá carregadeira) no rechego da descarga e outras atividades.

Visualizar a cubagem e superfície da massa de grãos:

Proporcionar ao operador a identificação de pontos de infiltração, acúmulo de impurezas, focos de insetos, presença de roedores, pontos de deterioração e principalmente a qualidade da massa armazenada. Em armazéns, contribui para definir os pontos de carga e fluxo de descarga, ajudando ao operador definir a abertura dos registros no piso.

Vedação do expurgo:

Na técnica de expurgo, tanto na preparação como limpeza das chapas, colagem das lonas e aplicação do produto, bem como remoção do fechamento, a iluminação natural tem sua importância por serem atividades de risco ao operador. O trabalho de expurgo exige precisão na atividade de vedação e envelopamento da massa de grãos. Com a iluminação, poderemos identificar pontos de possíveis fuga de gás. Lembramos que para uma melhor eficiência deste processo necessitamos: Vedação, tempo de permanência do gás e dosagem correta, conforme especificação do fornecedor. A condensação sobre a vedação, acaba molhando os pontos de colagem das fitas nas lonas, chapa do silo e cabos de termometria, ocasionando o descolamento das mesmas e o vazamento do gás.

 

Sempre teremos como o principal objetivo para instalar o sistema de exaustão, a eliminação da condensação. A pratica da aplicação no campo, demonstrou outros benefícios, os quais alguns relacionados acima. Numa segunda oportunidade, estaremos relatando outros benefícios como redução dos efeitos da zona de transição da aeração, contribuição para remover a umidade residual após resfriamento, condensação no interior dos transportadores e ganhos na aplicação do sistema em silos pulmão, secagem em coluna inteira e outros que contribuirão para um processo de armazenagem segura, com qualidade e rentável.

Adriano Mallet

Diretor da Agrocult Consultoria e Treinamento em Armazenagem. Engenheiro Civil Pós Graduado em Marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/ RS - e Especialização em Agronegócio pela Universidade de São Paulo - USP. Trabalhou durante 22 anos no segmento (Kepler Weber), onde desempenhou suas funções como Engenheiro de Aplicação e Produto, e Gerente de Marketing Corporativo. Foi Diretor da ABMR&A - Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, no período de 2006.

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