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Cubagem de grãos: Muito além do controle de estoque em unidades armazenadoras

cubagem de grãos

O armazenamento é uma das etapas finais da cadeia de produção de grãos. Após o planejamento da safra, preparo do campo, implantação, condução, colheita e transporte, o produto é recebido na unidade armazenadora para o seu processamento, que visa tornar o produto apto para sua conservação. Diversos processos serão executados, em função das características nas quais os grãos forem recebidos na unidade armazenadora, podendo ser limpos, beneficiados, secos e, finalmente, estocados em uma estrutura, vertical ou horizontal.

Durante o armazenamento, os grãos também deverão ser submetidos aos processos de aeração e ou refrigeração, com o objetivo de se reduzir e uniformizar a temperatura dos grãos durante sua estocagem, visando a redução das perdas as quais podem ser submetidos ao longo desse período.

Em se tratando da gestão da unidade armazenadora, além dos processos citados, o controle preciso da quantidade de grãos recebidos e das perdas durante o seu processamento são fundamentais para que os responsáveis pelo controle de estoque possam mensurar a efetiva quantidade de produto armazenada. O controle de estoque, também conhecido como análise de volumetria ou simplesmente por “cubagem de grãos”, é o processo de determinação do volume ocupado pelos grãos, normalmente realizado em todas as estruturas utilizadas para o armazenamento (silos, graneleiros, galpões, bags, etc.).

Primeira etapa para se conhecer a real quantidade de grãos armazenados, a cubagem nos fornece informações valiosas que serão posteriormente utilizadas para a determinação da massa de grãos estocadas em uma estrutura, além de facilitarem a gestão financeira e de processos na unidade armazenadora.

Importância da cubagem de grãos

Muitas vezes tendo sua importância destacada apenas pelo aspecto contábil da empresa, a prática de cubagem de grãos ou controle de estoque em unidades armazenadoras é fundamental para muito além deste controle fiscal.

A gestão financeira da unidade armazenadora é profundamente influenciada pelo adequado controle de estoque, tornando possível a adequação financeira e contábil da empresa para fins de pagamento de impostos devidos, quantidade de ativos disponíveis para comercialização, capacidade de investimento e fluxo de caixa da empresa, realização de inventários, obtenção de apólices de seguros, dentre outros. Além disso, o controle de estoque permite realizar a previsão de demanda com mais precisão, otimizando o reabastecimento e evitando a falta de grãos no momento de maior necessidade.

A segurança da empresa será mais eficiente a partir do adequado e rigoroso controle de estoque, uma vez que vem se tornando prática comum fraudes e roubos de cargas, antes e após o recebimento do produto na unidade armazenadora.

Outro ponto fundamental de se observar relacionado a vantagem do correto controle de estoque está relacionado a eficiente gestão e planejamento de processos na unidade armazenadora. Em unidades armazenadoras com vários tipos e quantidades de estruturas para o armazenamento de grãos, o controle de estoque permite promover a segregação e melhor destinação dos produtos recebidos na unidade, auxiliando a se manter um eficiente controle da quantidade de grãos armazenados. A falta de produtos pode levar à perda de vendas ou ao aumento dos custos, enquanto o excesso pode gerar custos de armazenamento e deterioração por não haver condições de processo adequado para sua conservação.

Especialmente em alguns processos, como o de aeração, o controle de estoque ou cubagem é peça chave na verificação de sua eficiência. Para a verificação o fluxo de aeração (m3 min-1 tonelada-1) efetivo na massa, é necessário saber qual a quantidade de grãos armazenada na estrutura para poder calcular o fluxo de ar e verificar se ele está dentro dos aspectos de projeto e recomendados para o correto resfriamento e conservação dos grãos. Além disso, a partir da cubagem de grãos poderemos estimar de forma mais precisa a quebra técnica ou perdas que os grãos estejam sujeitos durante o armazenamento e com isso promover práticas e processos mais eficientes que visem a conservação do produto.

Falhas na determinação da cubagem de grãos

Como pode ser observado, na mesma magnitude em que percebemos a importância da cubagem para um gerenciamento adequado de uma unidade armazenadora de grãos, também temos diversos erros que são cometidos nessa prática e que podem comprometer significativamente sua eficiência e uso nas mais diferentes situações já abordadas.

Durante anos a prática da cubagem de grãos era realizada de forma visual e manual, a partir da “contagem de anéis” nos quais os grãos tinham contato quando armazenados em silos metálicos. Essa prática de medição pode promover erros superiores a 10% entre o estoque real e o determinado pela cubagem realidade dessa forma, seja subestimando ou superestimando o estoque.

Outra prática inadequada e muito utilizada por anos era a medição do estoque a partir dos dados da temperatura pelo sistema de termometria dos grãos. Tendo em vista a falta de confiabilidade, em uma série histórica de dados que permitam concluir que os grãos estão efetivamente na altura dos sensores de temperatura na massa de grãos, bem como nos diferentes tipos de sensores utilizados, que mesmo que digitais podem ter seus resultados equivocados em função da distância entre os sensores nos cabos de termometria, os resultados encontrados a partir dessa prática também incorrem em elevados erros de medição.

Com o passar do tempo e a chegada de novas tecnologias, aumentou-se a possibilidade de aquisições de dados de cubagem mais precisos. Diversos tipos de sensores de nível que utilizam tecnologias como lasers, acústica, radar, capacitância etc. vem sendo opções no mercado para a cubagem. Essas tecnologias esbarram na disponibilidade e custo elevado, além da necessidade de um número elevado de dispositivos na estrutura para que se tenha maior precisão.

Além desses, as medições manuais feitas por profissionais devidamente treinados e que utilizam tecnologias como trena laser e programas computacionais para definição da topografia dos grãos, também reduziram consideravelmente a margem de erro nessa operação, mas esbarra na necessidade de pessoal para obtenção de leituras, e tornando o processo bastante oneroso para dados em tempo real e em unidades de grande porte.

Robô de medição de volume de grãos MAG-GE

Desafiada a desenvolver uma tecnologia nova, até então inexistente em nível mundial, e que trouxesse resultados rápidos e seguros sobre o controle de estoque ou cubagem em unidades armazenadoras de grãos, no ano de 2020 a empresa APC INOVA, com sede no estado brasileiro de Santa Catarina, desenvolveu uma tecnologia, com sua patente requerida no Brasil, que colocou fim a esses desafios.

Foto: Montagem/SIACON

O Robô de Medição do Volume dos Grãos Armazenados MAG-GE, desenvolvido e patenteado pela empresa APC INOVA, é um dispositivo instalado na parte superior de silos e graneleiros, sendo a única no mercado a oferecer produto para esse tipo de estrutura, independentemente de seu tamanho. Além de oferecer soluções para a cubagem dos grãos armazenados em silos e graneleiros, a APC INOVA também desenvolveu uma variante do Robô de Medição do Volume para instalação em silos de ração, demanda antiga do setor. As empresas que possuem silos metálicos ou graneleiros, independentemente de seu tamanho, têm todos os dados de cubagem em tempo real, com os dados gerados sendo armazenados na nuvem para poderem ser acessados a qualquer momento por meio de relatórios inteligentes e personalizados aos interesses do cliente.

O Robô de Medição do Volume dos Grãos Armazenados MAG-GE promove um escaneamento da massa de grãos, gerando dados de volume na forma de tabela ou imagens em 3D dos grãos no interior de silos e graneleiros com precisão acima de 99%. A partir do escaneamento e da leitura de quase 3 mil pontos na massa de grãos com seus sensores laser de alta precisão, além do fornecimento pelo cliente dos dados de massa específica aparente ou densidade granular dos grãos (kg m-3) e da compactação dos grãos por espécie armazenada, é calculado o valor da quantidade de produto estocada no interior da estrutura em tempo real, a partir da plataforma de acesso CONNECT AGRO ou via aplicativo Telegram.

Independentemente do tipo de estrutura de armazenagem, teremos em seu interior a presença de grãos, espaços vazios onde não se encontra o produto e no interior da massa de grãos, também conhecido como porosidade. Essas informações coletadas de forma adequada, associadas ao volume determinado pelo Robô MAG-GE, permitirão o cálculo preciso da massa de grãos estocada, com uma margem de erro inferior a 1%, conforme dados submetidos a empresas de auditoria em clientes da empresa APC INOVA. Assim, todos benefícios relacionados ao correto controle de estoque ou cubagem poderão ser implementados próximos a plenitude, aumento a eficiência de processos, gestão da unidade e controle de qualidade do produto armazenado.

Além da medição do estoque com maior eficiência e precisão, o Robô de Medição do Volume dos Grãos Armazenados MAG-GE auxilia também na maior eficiência do processo de aeração. Um dos maiores problemas relacionados ao processo de aeração está relacionado a tomada de decisão de se ligar ou não os motores de aeração, que levam em consideração a diferença entre a temperatura da massa de grãos e a temperatura do ar.

Na determinação da temperatura da massa de grãos pelo sistema de termometria, uma prática comum e necessária, independentemente do tipo de tecnologia empregado, é a desmarcação dos pontos dos cabos de termometria que não estão em contato com a massa de grãos, evitando que a tomada de decisão leve em conta dados diferentes do real. Na plataforma CONNECT AGRO, os sensores de termometria digital onde não há contato com a massa de grãos podem ser automaticamente desmarcados a partir da interação dos dados de termometria com os dados de volumetria e topografia dos grãos obtidos pelo o Robô de Medição do Volume dos Grãos Armazenados MAG-GE, tornando mais preciso e efetivo o processo de aeração, auxiliando na escolha da melhor decisão a ser tomada.

Conclusões Finais

Não há a menor dúvida que a prática de controle de estoque ou cubagem em unidades armazenadoras vai muito além do aspecto contábil da empresa. A gestão econômica e de processos na empresa, bem como a segurança, planejamento e eficiência de processos como o da aeração podem ser positivamente influenciados pela correta cubagem. Há no mercado desde práticas manuais, porém eficientes, até outras mais tecnológicas e de resultados rápidos e precisos, que pode ser decisivo para a unidade armazenadora adotar práticas de “pós-colheita de precisão”, inevitável nos próximos anos. Medidas que levem a segurança alimentar e a práticas sustentáveis no agronegócio têm como base a conservação dos grãos e somente com o emprego de tecnologias eficientes que promovam o aumento na eficiência nos processos iremos conseguir alcançar esses objetivos.

Aléssio Inacio Cagliari – Diretor Comercial APC Inova
E-mail: alessio@apcinova.com.br
Instagram: @alessio.ic

André Luís Duarte Goneli – Professor e pesquisador
E-mail: andregoneli@gmail.com
Instagram: @andregoneli


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